Amor e Profissão
por
Raquel Kussama
Se
não dermos atenção ao nosso sentir e verdades interiores e essenciais, o
resultado será sempre o sofrimento. Descobrirmos as mensagens que a vida nos
passa, por meio de situações que acontecem, é a forma de crescermos,
amadurecermos e, sem dúvida, sermos mais felizes.
Em
1999, publicamos no jornal Correio Popular - caderno de Recursos Humanos da
APARH Campinas, a série, a seguir, sobre como os profissionais e as pessoas
reagiam e, mesmo hoje, reagem ao mundo das organizações.
A INCAPACIDADE DE SER HOMEM
Homens e mulheres vivem um drama na existência da
humanidade! No mundo paradoxal, a ausência de negociação e comprometimento dita
as regras da vida no trabalho e socialmente.
São constantes as cobranças sobre posição hierárquica
– que nos levam a ações inadequadas –
e definição de metas objetivas – que nos
fazem perder o poder de sonhar. É a
racionalidade ao extremo, que nos torna insensíveis à miséria e à falta de
estrutura de um país, teoricamente, rico em espaço e pessoas com talento.
Vemos organizações com discursos maravilhosos de
valorização do ser humano e, ao mesmo tempo, com ações que impedem o
amadurecimento profissional, seja pela impossibilidade da implantação de
projetos importantes para o seu próprio crescimento, seja pela ausência de
oportunidades quanto à criação e uso da inteligência.
Vemos também profissionais amarrados, impedidos de
mostrar seu talento, pela falta de confiança em suas organizações. A política
do “medo” e do “faço o que me mandam” chegou a tal ponto (e ainda não é o
extremo) que faz com que as pessoas deixem de agir com senso de
profissionalismo e pensem, exclusivamente, em manter seu emprego, seu
rendimento mensal.
Conseqüências para o ser humano: CRISES. Falta tempo
para refletirmos, pensamos no imediatismo, agimos de forma a sobrevivermos,
sonhamos no concreto, atuamos com a impulsividade conveniente.
A razão não sobrevive sem a emoção e
a emoção, por sua vez, precisa da razão para viver. A luta do e pelo
cotidiano tem nos trazido conflitos externos (que ajustamos), mas ainda pior
são os conflitos internos. São estes: saber quem sou eu, o que quero e o que o
outro quer, o que quero do outro. Enfim, definições sobre os diversos aspectos
da própria vida.
Talvez, o
mais doloroso dos conflitos seja ajustar-se, a busca da coerência entre Razão e
Emoção, na era da competitividade, do diferencial e da lucratividade com
margens cada vez menores. É preciso estar em equilíbrio, sabendo administrar o
estresse diariamente e criando metas a partir de sonhos, para que a busca da
felicidade e do sucesso seja a razão e emoção suficientes para viver com
ousadia, ponderação, racionalidade e impulsividade.
Temos que
criar e recriar sempre a capacidade de enfrentar as barreiras, transformando-as
em oportunidades e vencendo nossos próprios limites, porque, assim, atingiremos
o sucesso.
O LIMITE DO SER HUMANO
Cada
pessoa tem obstáculos na sua vida com complexidades diferentes, que resultam em
ações também diferenciadas no comportamento. Dependendo da situação que
enfrentamos, são gerados pensamentos e barreiras imediatas.
Cabe
à pessoa saber enfrentar, em cada situação, os obstáculos criados por ela
mesma. Sabemos que a pior reação a um problema é a de indecisão, a indefinição
do rumo. Após algum tempo é que se consegue racionalizar e traçar os caminhos
pela busca da solução com resultados positivos.
Quando
a situação é de sucesso, fica muito mais fácil enfrentar, mas é preciso ter
ciência de que, mesmo uma situação positiva, dependendo da ação, pode gerar
resultados positivos ou negativos.
Independente
do tipo de situação pela qual se passa, o diferencial é a forma de pensar e
racionalizar: pessoas fortes são capazes de enxergar perigos, conflitos e
ameaças de frente, sem medos, mas conscientes quanto à sua reação ao processo
de decisão e mudança; as fracas fantasiam, criam obstáculos para enfrentarem a
si mesmas e, ao invés de reagirem, retardam até conseguirem tomar a atitude que
idealizam como a mais viável ou, então, até passar a situação e nada fazerem.
No
cotidiano, é preciso pensar e agir rapidamente a toda hora. Cada dia mais a
abrangência de atribuições e responsabilidades diminui o tempo de lidar com
frustrações, ansiedades e medos.
Resta
ser forte sempre, agir prontamente a cada novo minuto. Esta é a realidade e de
nada adianta querer que o contrário volte, o que jamais acontecerá, porque tudo
que muda não tem volta.
A
facilidade de adaptação traz o diferencial competitivo dos profissionais,
resultante do lucro da empresa em que trabalha. A exigência pela competência
técnica e comportamental está deixando de ser mais um fator de avaliação nos
profissionais, mas sim determinante na sua contratação ou manutenção na
organização.
Reter
talento humano passa a ser fundamental às empresas que desejam o sucesso, assim
como eliminar as “pessoas enroladas”, que demonstram medo de tomar decisões e
que atrasam os processos administrativos na rotina de trabalho. Fazer bem-feito
e rapidamente é a palavra de ordem, assim como – e principalmente – ser independente, saber fazer sozinho, sem a
intervenção de outros profissionais.
Saber
trabalhar em equipe e, cada dia mais, assumir sua própria responsabilidade,
executar sua função sozinho, sabendo também a hora exata de pedir a intervenção
de um colega ou superior, no sentido de agregar valor.
É
muito comum, que, na onda de trabalhar em equipe, os profissionais usem essa
situação como argumento para empurrarem problemas e não se posicionarem. É
fácil para algumas pessoas ausentarem-se de situações, fazendo de conta que
nada têm a ver com o fato exposto.
No
dia-a-dia familiar isso acontece com freqüência, gerando estresse a todos e
nada é resolvido, pois são usadas as frases típicas: “ele / ela é assim mesmo”;
“esse é o jeito dele / dela ser”; “nunca posso contar com a ajuda dele /dela”.
Expressões
como estas são recusadas pelas empresas, pois comprovam a ineficiência do
profissional, mas se aceita, por exemplo: “é difícil fazê-lo entender, mas com
o tempo chegaremos lá”.
A
forma e a velocidade dos pensamentos são fatores determinantes ao profissional
competitivo. Mais importante ainda é a ação e reação a cada situação pela qual
se passa, velha ou nova.
A
nova significa um processo de mudança. A velha, uma rotina de trabalho. Do
profissional é esperada a capacidade de pensar e agir prontamente sem a
intervenção e pensamento de outra pessoa, exceto em situações que envolvam
aspectos diferenciados, que resultem em mudanças de processos e/ou formas de
vida.
O
limite do ser humano é sua incapacidade de agir, sua dificuldade de superar
questões do dia-a-dia. Romper esse processo significa acreditar em si e na sua
própria vontade.
Dicas
para começar? Aí vão: Saiba no que empresa está trabalhando, o que é esperado
de você, qual sua missão, qual a missão do seu cargo, analise seu talento e
potencial, trace seu caminho e siga em frente, pense e racionalize sempre,
enfrente as dificuldades naturais da carreira, mas atinja seu objetivo, tenha
sucesso e gere sucesso também para a empresa. Sinta-se e seja um vencedor de
fato e não de fantasia! Ah... Pode trocar a palavra empresa por família e o
resultado será sua felicidade e a da sua família.
SUPERAR É POSSÍVEL !
Claro
que é possível superar nossos limites. Temos fases complicadas, que nos
estrangulam e sentimo-nos incapazes. Nesse momento, é preciso ter um amigo, um
ombro para levantar-nos após ouvirmos verdades, na maioria das vezes,
desagradáveis, porém, necessárias para entendermos as ações e reações do
cotidiano.
O
limite chega num momento de fraqueza, de cansaço ou daquele em que não
conseguimos gostar de nós mesmos! Ele só é eliminado exatamente quando passamos
a acreditar e começamos a tomar ações em prol do nosso crescimento e
desenvolvimento. Jamais podemos ficar vivendo esse limite durante dias, semanas
ou a vida toda. Isto seria a ruína humana.
Enxergar
medos e viver enfrentando a si mesmo exigem paz, fé e determinação para
alcançar os objetivos concretos da vida terrestre e espiritual. É preciso ter
consciência que os dois lados são fundamentais à sobrevivência humana.
As
organizações já se preocupam em ter na sua rotina ações no terceiro setor. A
valorização do ser humano já é realidade no planejamento estratégico de
empresários e executivos que precisaram, em algum momento de suas vidas,
reformular valores e princípios, e agir de maneira diferente do que somente a
busca pelo aspecto material.
Superar
limites é saber estabelecer uma meta, o caminho para a concretização
(estratégias), definir o plano de trabalho, acreditar, criar a equipe e seguir
em frente, resolvendo, decidindo no momento exato e necessário, sem ansiedade
nem atropelos. É atingir o resultado esperado ou superá-lo, fazendo com que
cada ser humano envolvido obtenha maturidade pessoal e profissional.
O
único fator que nos impede de vencer e romper os limites somos nós mesmos. A
luta pelo cotidiano, com certeza, é árdua, mas repleta de satisfações a cada
novo desafio vencido e nova etapa concretizada. Estabeleça etapas em sua vida,
assim verá que fica mais fácil ver os resultados atingidos, continuará a
acreditar em você, vencerá a todas e sentirá o sucesso da sua vida pessoal e
profissional concretizado.
Idealize
isso também na sua empresa. Crie seu planejamento estratégico, comunique aos
seus funcionários e subordinados – equipe de trabalho -, faça com que sejam seus
aliados nessa trajetória e, juntos, colham os resultados.
TEMPO: EVOLUÇÃO E MATURIDADE
Quando
falamos em crescimento pessoal e desenvolvimento profissional temos considerado
sempre a questão maturidade do ser humano. Em nosso caminho, desde a gestação
até a fase adulta, apreendemos valores, mitos e tudo mais que nos formata, para
que, na fase adulta, possamos aperfeiçoar nosso processo de maturidade pessoal
e profissional.
A
maturidade pessoal é concretizada muito antes da profissional (pelo menos, é o
esperado), pois significa a consolidação de valores e princípios que determinam
a estrada da vida. Objetivos e ideais, sonhos e projetos de vida são criados
pela maturidade pessoal.
A
maturidade profissional é a forma de condução dos aspectos relativos ao
trabalho: postura, posicionamentos, interação com outros profissionais. Cada
dia mais é preciso tomar conta desse aspecto para que os sonhos e metas criados
nas empresas sejam concretizados e deixem de ser trabalhos realizados no início
do ano, sem fundamentação teórica ou perspectiva de se tornarem realidade.
Toda
e qualquer organização necessita de resultados positivos. Acreditamos
necessário saber a direção – planejamento
estratégico e os caminhos – planejamento
de ações. Tendo ciência destes aspectos, cabe ao profissional determinar
cada meta – planejamento das tarefas
– e seguir o caminho da organização.
Aos
dirigentes da empresa fica a responsabilidade da primeira parte, assim como a
de gerenciar e supervisionar o processo empresarial como um todo.
Aos
profissionais cabe a responsabilidade de gerar as ações para o alcance dos
resultados positivos à organização. A soma do talento humano será o diferencial
da empresa competitiva e saudável.
A
evolução das organizações é construída pela história de cada profissional
inserido no seu contexto. O fator tempo é determinante nessa relação de
aperfeiçoamento, de crescimento e desenvolvimento do ser humano, enquanto
pessoa e profissional.
Cada
fase da nossa vida é marcada por tomadas de decisões que influenciam o próximo
passo da nossa própria história. Qualquer decisão tomada muda o curso da
história do ser humano ou da organização, assim como a ausência dela.
Agir
assertivamente significa tomar decisões sempre, mesmo em situações de dúvida,
receios. Fantasmas e tabus todos têm, mas o importante é vencer, superar cada
um e, como já citado, agir assertivamente.
Deixando
o “barco rolar”, “deixando para ver como é que fica” tornamo-nos alvos fáceis
de fazer o jogo de outro alguém com interesses alheios.
O
tempo é um fator positivo ou negativo em nossas vidas. Muitas vezes, temos que
agradar, outras, desagradar. Há o tempo certo de plantar e o de colher; de
treinar e agir; de fazer o salto da organização e manter seu crescimento suave
ou agressivo.
O
cenário social e econômico determina a velocidade da ação de empresas e
profissionais. Analisar o macro e micro-cenários é fundamental aos
profissionais que tenham como objetivo o sucesso, a felicidade.
Faz-se
importante na análise considerar o tempo histórico, a maturidade, não só das
pessoas, mas também dos profissionais, para que tendências possam ser
realizadas sem a presença de “achismos” e sim com fundamentações técnicas,
mesmo que subjetivas em determinados momentos.
Temos
que ousar e refletir tudo a seu tempo, ter domínio sobre o tempo sempre,
decidir na hora certa e não se deixar levar por interesses alheios. Ser
realizadores, plantar para colher, construir para todos usarem nossa obra,
pensar e refletir sobre nossos atos para que a melhoria faça parte de nossas vidas. Encaremos os fatos com otimismo, visão de
futuro e raciocinemos, procurando criar ações em prol de resultados positivos
para a organização e nossa carreira profissional. Saibamos inovar no momento
exato da necessidade, pois, se deixarmos para agir depois, poderá não haver
mais tempo para novas ações.
Sejamos sempre os construtores da
nossa vida pessoal e profissional.
Percebemos
que a realidade em sentimentos mudou pouco e resta ao profissional entender,
aceitar e superar as barreiras e achar a si mesmo nesse mundo organizacional.
Do
latim “profissão” vem de professione = ato ou efeito de professar, tornar
pública uma crença, uma opinião ou, simplesmente, um modo de ser habitual.
É preciso
que as pessoas sejam o reflexo verdadeiro daquilo que realmente gostam, que
lhes dá prazer, que é a essência. É necessário acreditar na vocação, pois a
felicidade requer muito mais do que dinheiro, posição social ou hierarquia. É
preciso também resgatar valores, como o amor à profissão, pois o talento humano
vem da alma, vem do que de melhor temos a contribuir junto a uma organização.
Revisão por Lucélia A. Pulzi.